terça-feira, 1 de novembro de 2011

A menina Sofia e seu filme de mulher



A moça chamada Sofia não sabia o que queria, seu pisar de menina enlouquecia alguns homens, mas ela não se sentia mulher. Seu coração doce e mimado igual de criança queria abraçar todos da vizinhança. Gostava de carinho e beijinho, mas não de carrinho.
A infância não esconde sentimento, é fácil demonstrar afeto, se quer atenção de todos, pois é um banho de inocência, imagine tamanha carência.
Sofia tinha medo de adultos, das atitudes. Sabia que homem adulto chora, e que menina quando cresce sofre por um adulto que chora por uma mulher. Nos filmes discernia episódios perfeitos. Aprendeu que paixão é sempre recíproca, que não existiam finais infelizes.
Sofia largou suas bonecas, passou se interessar apenas por filmes de romance e livros de contos. Tinha amor da família e de boas amizades, não conhecia outro arquétipo de amor.
Ela percebia que estava sofrendo alguma metamorfose, mas seu coração e jeito negavam isso. Seus pensamentos amadureceram, mas seu coração fraquinho e ausente de sofrimento continuou parado no tempo de tão doce. Não conhecia maldade das pessoas, pois  vivia profundamente dentro de seus filmes preferidos. Então Sofia resolveu crescer. Tinha tanto anseio para viver uma de suas histórias e imaginava cenas de uma vida harmoniosa.
Ela não pensava em conhecer um rapaz, se achava menina demais. Pensava em sorrir e viver cada vez mais.
O tempo passava tão depressa e Sofia amadurecia, mas não aceitava abandonar seu jeito de menina meiga. Começou a se interessar por rapazes, as palavras e olhares a encantavam, não conhecia as maldades. Tão inocente acreditava em tudo, e sua euforia estava acima de seu ego. Sentia-se amada por todos, não tinha conhecimento de pensamentos ruins. Queria logo se entregar para algum rapaz igual à felicidade que os filmes lhe transmitiam. Sem saber, seu coração começou a sentir algo estranho, seu estomago e peito causava sensação de febre. Tinha vontade de rir e chorar ao mesmo instante. Achou que estava doente. Seus olhos não desviavam de outro ser, e ela começou a perceber que seu coração tão bom começava a ganhar uma arritmia de prazer. Ela aprendeu que amava um rapaz. Ele descobriu e dela foi se aproveitar. Não sentia nada apesar de uma insignificante diversão de prazer, e seus amigos incentivavam  desgraçar nobre coração de Sofia. Ela acreditava em lindas palavras que a amoleciam vindas da boca dele. Ela estava vivendo seu filme feliz. O rapaz fez Sofia menina se transformar numa mulher, e contra a vontade dela, ela nem percebeu o que acontecia. Começou a sonhar por excesso, sem medo de expressar tamanho afeto. Acreditava que adultos eram iguais pinguins, tinham um único amor pra vida toda. Ela estava completamente apaixonada e acreditava honestamente nesses sentimentos. Sofia se sentia constrangida ao ver que o garoto não dava mais tanta importância e não a correspondia. Começou a se lamentar por ter virado uma mulher, foi obrigada a largar sua linda experiência de menina. Sofia então começava a chorar, e aprendeu que chorar dói, e não se chora apenas em filmes, e nem por falta brinquedos. O rapaz a deixou. Deixou com o coração na mão. Ele não a amava, e de um coração tão inocente se aproveitou. Sofia aprendeu que nos filmes ela não era a protagonista. Era a menina  por quem o garoto abandonava para ficar com a protagonista. Ela percebeu este lado da história, se abalou ao perceber que todas as cenas reais estavam ali no enredo, mas apenas ela não enxergava em sua infância, mas agora seu jeito mulher compreendia que não existe reciprocidade. Ela estava com o coração feito em pedaços, na vida nada lhe interessava, e a única coisa por qual acreditava desde a infância, toda sua súbita infelicidade a destruiu. Acreditava que sua vida era uma grande ilusão e do amor compreendeu que nada sabia. Sofia então aprendeu que não existem finais felizes e que o amor é apenas torturar a bondade de uma mulher, deixando-a completamente abismada. Começou a se interessar por filmes de drama, e percebeu que ali estava a realidade na qual não aprendeu. Agora passou se inspirar em filmes dramáticos. Sofia assustada nunca mais entregou seu nobre coração, pois estava morto, e sua ferida nunca mais quis fechar.   

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