segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Minha religião

Minha religião é um homem faminto,
É invisível,
A felicidade são algumas migalhas.
Os olhares julgam e não ajudam.
O chão vazio é melhor que as mãos cheias de sangue.
Minha religião é o cão,
Caçando de lixo em lixo,
Ferido por sapatos pontudos,
Os mesmos que entraram no santuário
E rezaram.
Minha religião é o ódio,
Percorre de ouvido em ouvido,
Alimentado por bocas,
As mesmas que mastigam a hóstia.
Minha religião são todas,
A mente e a alma,
É o bem pela mão,

É compaixão pelo homem e pelo cão.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Precisamos falar de Augusta

Precisamos falar de Augusta
O sonho é mais real que sua vida,
Seus passos não tem sombra,
Seus olhos não tem cor.

Os sussurros que caminham ao vento
Não fazem barulho,
E o grito nem vibra a garganta.

Ela apertou suas mãos contra os espinhos,
E não conseguiu se perfurar.

Seu jardim de rosas foi
Corrompido pelas papoulas
E sua vida transformada em ópio.

Ela foi até o inferno e o diabo não encontrou.

O que ainda vive é o medo,
Ah! O medo, ele sim tem valor.