quarta-feira, 29 de maio de 2013

espinho da rosa

Insisto em abraçar o corpo da rosa abarrotado de espinhos,
Quanto mais sangro sobre suas pétalas 
Mais eu afundo em seu ardor e mais a sufoco.
Não consigo soltá-la, me libertou, mas continuo
Adormecido em seus arames farpados.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Onde estou?


Há algum tempo me perdi,
O que fizeram?
O que fiz?
Esconderam-me no infinito
E o espelho não possuía mais imagem.
Cadê as mãos? Tirem-me desse precipício!
Não consegui achar minha sombra,
Ela está fugindo! Peguem-na!
Não é mais minha!
O que fizeram pra que ficasse desfigurada?
Eles estão rindo sem me perguntar,
Fizeram-me andar sozinho na rua
E resolvi acompanhar a penumbra.
Papai estou com medo,
O que devo fazer?
Tenho temor do escuro.
Mamãe posso dormir aqui?
Não durma antes de mim,
Querem pegar-me, afaste-os!

Ar? Não consigo respirar!
Preciso de ajuda,
Será que vou vencer?
Não quero sair daqui,
Estou protegido, ninguém me aflige,
Dê-me silêncio, por favor!
Não se desespere, me deixará em pânico.
Vou engolir os sedativos,
Está passando, mas será que vou conseguir
Dormir essa noite?

Estou me encontrando, mas sinto que interrompi
O tempo.
Venci o irracional, mas não me sinto normal,
Prenderam-me na maca e ela afoba minha
Respiração.
Estou me levantando aos poucos,
E ela fica cada vez mais pesada no meu corpo.
Posso voltar a ser pequeno?
Não me ensine o mau, quero ser comum,
Tenho inveja deles! Mas eles não têm minha alma!
Sou bom o bastante para receber o sacrifício?
Não mande-me para a guerra!
Mamãe amanhã estarei curado?
Contaram-me que é apenas uma fase.





segunda-feira, 20 de maio de 2013

Outra parte


Vejo-me dentro de você ser mortal,
Coloquei toda minha vida em você,
Junto com todos os espantos e segredos.
Se eu perguntar não me responda
Com o silêncio, sabe que preciso ouvir.
Posso saber de tudo, mas mesmo assim
Preciso que você repita, pois suas palavras
São calmantes para meus ouvidos.
Se eu tiver medo, entenda que tenho medo
De tirar os pés do chão e perder o ar,
E quando pergunto do passado não se zangue,
Apenas quero ser melhor que ele.
Se um dia eu chorar por motivos tolos, talvez
Seja por não acreditar ser tão bom,
Ou quando te observar triste não se espante,
Estarei respirando espinhos e farei expressão de dor,
Sua tristeza é meu suicídio.
Posso te magoar, não é proposital,
Sou apenas um ser impulsivo e te amar
Deixa-me com um pouco de loucura,
Sentir você é tragar entorpecentes
De um manicômio.
Nunca soube que adormecer seria tão fácil,
Nem que fingir ser outra pessoa fosse desnecessário,
Não enfrentei navalhas nem canhões,
Apenas senti o que duvidava e segui a estrada
Da qual você me esperava, sentei ao seu lado
E sua pele sugou toda minha alma.
O anseio quase nos sufocou, mas a inocência
Fez-nos criaturas serenas, pois sabíamos de tudo.



  

terça-feira, 14 de maio de 2013

Dizem que quem conversa com cachorro é louco, quem conversa com as paredes é louco, também não seria loucura conversar com a sociedade? Estamos sempre falando sozinhos de qualquer modo.

Se morri


Se eu morri hoje,
Morri aconchegado,
Morri jovem e num velho ditado.
Se eu morri hoje,
Não fez sol,
Não recebi flores
Nem cores.
Se eu morri hoje,
Não virei astro
Nem poeta bêbado,
Não vi a terceira guerra
Nem a nova era.
Se eu morri hoje
Não existi o amanhã,
E cá entendi
O que há de viver no ontem.

terça-feira, 7 de maio de 2013

amor em estética

Vejo corpos, mas não vejo rostos,
Olhos estão mastigando desejos.
O homem é escravo do prazer,
Observa o charme e não a essência.

No mundo de cego ninguém é sozinho,
Há beleza na escuridão. 
O carinho é a luz
Que guia o atrito entre os corpos.

Quem se ofusca dos próprios olhos
Não vê almas, vê formatos falaciosos
Esculpidos pela sociedade, que são
Vendidos a troco da verdade do homem