terça-feira, 17 de outubro de 2017

Diferenças

Nesse circo as diferenças são desavenças,
o conjunto único de ideia seduz um grupo de guerra,
a mutação e expansão intelectual são entradas de ódio 
de mentes megeras, 
ninguém aceita um novo conceito,
é ausência de respeito da nova era,
e há quem bate no peito
e pelos outros nada tem feito.
Há sempre ouvidos para uma língua com defeito.

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Atração magnética


Há um campo magnético anoréxico
sendo mastigado por ferros execráveis.
Essa fome suga com energia as peças vivas que
ali ensaiam como ser feliz.
O palco explora almas carregadas
de um enorme peso em si.
Tantas essências,
 tantas demências,
o mundo é contagioso.

Os ferros vão deglutir quem tem ombros de ímãs,
tal atração
que faz sempre o bom carregar o mau.
Quanto mais tenta correr mais pesado fica,
e quanto mais pesado mais estático se torna.

A mente até consegue escapar, mas a alma continua sentada,

quem insistir mais peso há de sobrecarregar.

sábado, 24 de junho de 2017

Erro existencial

Não sei se dói mais em mim ou em você duvidar,
talvez eu precise apenas de uma bebida forte
para encorajar ou escapar.
O pior é quando me sinto vivo, eu me desespero.
Talvez por ter protagonizado a vida passar, assim tão fácil.
E o tempo mais desesperado que eu nem quis saber de esperar.
Eu teria que fazer muita coisa agora para alcançar, mas algo novamente me impede,
o mesmo que eu duvido que valha a pena.
Sei que amanhã já será tarde.
Todas as coisas que eu deixei de amar,
 todas as coisas que me trariam coragem,
todas as coisas que me fariam crescer,
todas as coisas que teriam me transformado num outro eu, ou um novo.
Todos os lugares que eu deveria ter conhecido,
todas bebidas que eu teria vomitado.
Todos os lugares eu estaria agora,
todas filosofias que eu teria enlouquecido,
e todas batidas de violão que pulsariam minha mente
e me levariam para outros bosques cantar amor.
Mas agora fico nesse quarto com a voz do Bob Dylan me surrando,
fazendo eu querer ir embora, mas parece que eu gosto dessa gaita
rasgando meu peito.

Minhas lágrimas não valem mais a pena.

segunda-feira, 24 de abril de 2017

CINZAS

CINZAS VIVAS,
VIRA CINZA,
OLHOS CINZA,
CINZAS AZULADAS,
MONTANHAS ACINTENZADAS,
ICERBEGS AZUIS,
CORDILHEIRAS SOLITÁRIAS,
OLHOS MEUS,
MUNDO MEU.
QUEM OLHA ENXERGA O MUNDO,
O MUNDO QUE OLHOS ESCONDEM,
REFLETE O MUNDO DE QUEM SE ESCONDE,
NOS MEUS OLHOS QUEIMA
QUEM SE ESPELHA,
VIRA CINZA,
MINHA CINZA.




quinta-feira, 6 de abril de 2017

Quem sabe

Quem sabe teria lido mais Nietsche,
Teria aprendido a partitura de Wagner,
Deveria ter tentado,
Ou me matado ao som de Johnny Cash.
Talvez se tivesse apenas,
Apenas tentado.
Poderia saber usar as teclas do piano,
E minha alma dançar a sonata,
Para a dor vibrar na tábua harmônica.
Talvez se não tivesse a demonstração
De um sorriso tão facilmente,
Não teria enganado a tristeza,
E a não teria agora.
Talvez tivesse aprendido
Com os poemas de Bob Dylan,
E também tornaria os meus
Melodias.
Quem sabe poderia tocar um blues,
Sentar no chão com aqueles mendigos
Que acreditaram,
E das minhas teorias gostavam.
Talvez já tivesse um livro pronto,
E meus poemas não seriam apenas
De um amador.
Quem sabe eu poderia ajudar
Ao invés de ser ajudado,
Quem sabe um filósofo hoje eu seria,
E minha voz teria mostrado
A quem aplaudiria.


segunda-feira, 27 de março de 2017

Eles vão se destruir

Estou de nenhum lado,
Eles vão se destruir,
É a guerra do poder e a do saber.
É a corrosão do ser,
Já não há luta,
Só obsessão,
É obsessão, obsessão do não.
O fanatismo embutido,
Paradoxo invertido.

A Guerra dos direitos
Torna-se guerra dos prazeres,
Da língua se começa e da espada se termina.

É o ego que vira morfina
E vicia,
Assassina.

A razão é cretina.

A lei determina,
O cálice se cria,
Extermina.


Quem é você meu eu?!

Houve um momento em que abria os olhos já com o coração acelerado, como se a realidade me assustasse, um choque a cada despertar, e a cama era o limbo.  E como vim parar aqui não sei. Não sei onde comecei a ser o observador da própria vida, aquele que mal sabe a história que guia. Virei plateia desentendida. É um estranho no espelho, é um corpo alheio. Quem é você? Por que me olha?Tenho medo de você.


Amigo ausente

Quem vai?
Quem fica?
Explica.
Volta?
Foi embora.
Quem ajuda?
Às vezes fica.
A saudade?
Continua.
Que distância,
Que vago.
Amizade?
É memória
De quem ausenta,
E do coração nunca partiu.
Os caminhos?
Nunca são os mesmos.
E o lar?
Amigos retornam.
E o declínio?
Amigos levantam.
A ausência?
É física.
A lembrança?
Uma dor plena.
amigo?
Um irmão que partiu,
E sempre retorna ao lar
Do coração que sentiu.

sábado, 11 de março de 2017

Perdido agora

Acordei um tanto antigo,
Romântico esquecido.
Se hoje uma pétala me tocar,
A epiderme vai queimar.
Quando aquela música começar,
O coração há de disparar.
A melodia que do passado retorna
Agora de dor me contorna.
A falta do eu daquele momento
Que o agora precisa,
Mas ele é mutável.
Não será encontrado
E aprender necessita.
Acordei um tanto à flor da pele
E me senti vivo,
A saudade me serviu um banquete
E cá estou empanturrando
As borboletas do estômago.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Um breve choro

Engole o choro,
Choro que arrasta,
Arrasta como ferro esmagando os olhos,
Olhos que pesam,
Queimam o rosto,
O vermelho exposto,
Não disfarça,
Vai queimando,
A pele seca, murcha, escurece,
É sangue que assa no ferro,
Faz bolhas que aquecem,
Ferve a mente,
Que adoece.


Me usam

Mais uma vez,
Eles me usam.
Consumindo-me
Reprimindo-me.
Devoram-me de dentro para fora,
E me tomam para extinguir.
Sem reagir,
Sem existir.

É o marasmo da mente indiferente,
Do coração apático,
De felicidade aparente,
Mas não transcende.

Melancolia camuflada,
Engolida.
Exibido
É o sorriso falsificado
De uma mente sucumbida.

Engole a apatia
Todos os dias.
Despersonalização se cria,
Grita,
Grita,
Ninguém é real nessa biografia.

E eu uso-os,
Devoro-os,

E nem choro.