Manifesta-se uma interpretação de
estranheza,
A alma indiferente num mundo
alheio
Uma mistura de egoísmo e solidão
Vencida pela apatia do anseio.
Lembranças estranhas que cruzam a
mente,
Elas mentem?!
Quem sou eu?
Quem é o estranho ao meu lado?
Quem são vocês de olhar afiado?
Um demasiado medo de mudanças
Carrega a incerteza em forma de lança
Que penetra e oxida o âmago da
minha existência.
Onde está o sentimento de
pertencer a algum lugar?
De ter um colo?
Do direito em estar triste?
De merecer os sentidos das minhas
palavras?
Elas perderam seus significados?
Uma mão de desespero aperta a
garganta,
Sinto a pulsação dilatar em toda
minha superfície,
Latejando e rastejando.
É tudo um grande circo
Do qual sou o palhaço triste
Que faz a platéia rir.
Minhas lágrimas matam a sede dos
outros
E mal sabem eles que vou me
afogar com elas depois.
Quanto mais perto de me encontrar
Mais longe estou,
De tal modo que o Eu que me pertence
Acaba tornando a parábola do porco-espinho.