quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Refletindo a liberdade diante de um mundo tão grandioso


Vivemos em um muro de Berlim sem que ele exista, mas se ele realmente existisse estaríamos desesperados e nos locomovendo. Isso torna a liberdade tão estúpida, pois, ao sermos livres estaremos presos ao nosso cotidiano árduo, sonhando em um dia fugir sem compromisso e caminhar em trilhas de uma mata em direção a um casebre rodeado de paz e sinfonias naturais. Ou simplesmente fazer um novo amigo longe de sua origem, que não saiba teu passado e nada sobre você, e então poderá contar com entusiasmo suas desilusões e sobre antigos amigos. Andar sobre uma montanha verde molhando-se com o frescor da chuva e dar de encontro com alguém que faz sua alma surrar internamente, entrelaçar os lábios com tanto desejo, pois a despedida está próxima. A liberdade está na criatividade e pensamentos vividos dentro da imaginação, e cada vez mais que sonhamos com as “impossibilidades”, o desgosto que o tempo nos dá, a esperança hipócrita que alimenta momentos de felicidade acreditando no futuro. Mas no fundo sabemos que não seremos livres, ou optamos para enfrentarmos, como se houvesse um muro logo a diante e lutarmos como se a morte estaria nos esperando sentada no amanhã, e assim buscaríamos nossa liberdade e acredito que encontraríamos. Uma única experiência com a liberdade valeria todos os momentos vividos para nossa sobrevivência, pois assim estaríamos satisfeitos e com a alma alimentada para o resto de nossa existência. 

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Lei

É lei de praxe,
Ter um amor negado,
Manter o coração esmagado,
Ansiar quem nega
Sua mais leal ardência.

Mentes ambiciosas,
Formam corações traiçoeiros,
Educam a amar, depois abandonam
Batem, batem, e não deixam a mente esquecer
A dor parece infinita enquanto a paixão persiste.

Algum veneno é tragado,
Sem arrancar a existência,
Explode e corrói por inteiro.
Quanto mais arrisca achar explicação
Mais dói, mais ferve.

Enquanto pensar não se pode esquecer,
Ao adormecer a alma dói,
A respiração sussurra com interrupções,
Quando entardece a solidão se revela,
E os sentimentos viram feridas abstratas 

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Dose

 Hoje tomei uma dose de tristeza,

Em um copo barato de fundo sórdido.

Algum fluido vagabundo instigante

Que me causa tamanha demência

Visto minha alma

Igual um traje de luto,

Recolhendo as lágrimas alheias

Que despejo no meu coração oculto. 
Na hora da dor a morte seria o único remédio com algum efeito

terça-feira, 22 de novembro de 2011


Para saciar a fome de carência, abusa da ingenuidade de outro ser, não tendo intenção de amá-lo, apenas pensando no prazeroso momento de felicidade que ilude ambos, sendo um consciente e outro não. O prazer é bipolar, quando domina seu alvo, manipula e o destrói. Angustia ou a exultação  de saber que está sendo desejado, faz o prazer esquecer-se do amor. Aquele de qual teve seu coração arrancado, estava quieto e agora grita. O coração está na mão, sacrificando-o por algo que o despreza. O prazer orgulhoso vai embora e o amor angustiado perde sua castidade. 

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Máscara de alacridade


 Estou bem,
Tomei ácido de desgosto.
Estão arranhando internamente
Jogando álcool para limpar.
Há várias unhas me rasgando,
Mas estou bem.

Estou sorrindo
Para as cicatrizes de tristeza,
Posso disfarçá-las,
Estão estampadas em minha face,
Não quero expô-las,
Mas ainda estou sorrindo.

Estou feliz,
Agonizado pela languidez,
Pregando-me culpas.
Vago num purgatório de dementes,
Esperando outra maledicência,
Mas estou feliz.

Estou vivendo,
Discernindo a existência
Como uma história acromática.
Ironizo minha melancolia,
Mastigando-a com gosto,
Mas estou vivendo.

Estou chorando,
Por um bom motivo.
Não sustento meus ossos,
Estão comendo minha alma.
É como precisasse chorar
Igual a chuva para aliviar,
Não tenho lágrimas,
Governaria um calabouço de martírios,
Mas estou chorando.


quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A caverna de Platão


Caçado pelos dogmas,
Oprimido pelos homens,
Inocente sábio Platão,
Torturado por mentes más.
O que fazem esses jovens?

A caverna onde esteve,
Abriu sua mente,
A luz refletiu os doentes,
Julgado por olhos famintos,
Virou apenas um mito.

Insanos tem razão,
Obcecados pelo seu mundo,
Enxergam sombras fictícias.
Possuídos de fanatismo,
Morrem de orgulho.

Estão acorrentados em suas poças,
Poças de mentiras,
E na lei da vida,
Hipocrisia é divina,
A verdade é quem mata.

As vozes enlouquecem os homens
Sugadores de sangue.
É proibido pensar,
Varias mentes não pensam,
Uma morre ao pensar.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Escusa

Desculpa, desculpa, desculpa,
Feri um coração,
Desculpa, desculpa, desculpa,
Bebi sem razão.

Perdoe-me, perdoe-me, perdoe-me
Amei por carência,
Perdoe-me, perdoe-me, perdoe-me,
Afastei-me na sua ausência.

Mate-me, mate-me, mate-me
Sou covarde e melancólico,
Mate-me, mate-me, mate-me
Só tenho meu dom alcoólico.

Ar pesado



Sentir que está morrendo,
Quando libertar-se,
Vai partir.
Está ofegante,
Respirando pó,
Entram igual cimento,
Endurecendo os pulmões.
Sente um concreto,
Grudado internamente.
Luta para respirar,
Afogando o coração.
O médico é a morte,
A morte é a cura.
A tortura de arrepender-se,
A todo tempo consciente,
Ciente do suicídio lento.
O lento doloroso,
Prazeroso.
A dor de errar,
De querer agradar,
Agradar o que te ama,
Simplesmente só errar.
O peso que se leva,
Leva dor,
Algo não tem cura,
E Sem morte,
É tortura.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

A menina Sofia e seu filme de mulher



A moça chamada Sofia não sabia o que queria, seu pisar de menina enlouquecia alguns homens, mas ela não se sentia mulher. Seu coração doce e mimado igual de criança queria abraçar todos da vizinhança. Gostava de carinho e beijinho, mas não de carrinho.
A infância não esconde sentimento, é fácil demonstrar afeto, se quer atenção de todos, pois é um banho de inocência, imagine tamanha carência.
Sofia tinha medo de adultos, das atitudes. Sabia que homem adulto chora, e que menina quando cresce sofre por um adulto que chora por uma mulher. Nos filmes discernia episódios perfeitos. Aprendeu que paixão é sempre recíproca, que não existiam finais infelizes.
Sofia largou suas bonecas, passou se interessar apenas por filmes de romance e livros de contos. Tinha amor da família e de boas amizades, não conhecia outro arquétipo de amor.
Ela percebia que estava sofrendo alguma metamorfose, mas seu coração e jeito negavam isso. Seus pensamentos amadureceram, mas seu coração fraquinho e ausente de sofrimento continuou parado no tempo de tão doce. Não conhecia maldade das pessoas, pois  vivia profundamente dentro de seus filmes preferidos. Então Sofia resolveu crescer. Tinha tanto anseio para viver uma de suas histórias e imaginava cenas de uma vida harmoniosa.
Ela não pensava em conhecer um rapaz, se achava menina demais. Pensava em sorrir e viver cada vez mais.
O tempo passava tão depressa e Sofia amadurecia, mas não aceitava abandonar seu jeito de menina meiga. Começou a se interessar por rapazes, as palavras e olhares a encantavam, não conhecia as maldades. Tão inocente acreditava em tudo, e sua euforia estava acima de seu ego. Sentia-se amada por todos, não tinha conhecimento de pensamentos ruins. Queria logo se entregar para algum rapaz igual à felicidade que os filmes lhe transmitiam. Sem saber, seu coração começou a sentir algo estranho, seu estomago e peito causava sensação de febre. Tinha vontade de rir e chorar ao mesmo instante. Achou que estava doente. Seus olhos não desviavam de outro ser, e ela começou a perceber que seu coração tão bom começava a ganhar uma arritmia de prazer. Ela aprendeu que amava um rapaz. Ele descobriu e dela foi se aproveitar. Não sentia nada apesar de uma insignificante diversão de prazer, e seus amigos incentivavam  desgraçar nobre coração de Sofia. Ela acreditava em lindas palavras que a amoleciam vindas da boca dele. Ela estava vivendo seu filme feliz. O rapaz fez Sofia menina se transformar numa mulher, e contra a vontade dela, ela nem percebeu o que acontecia. Começou a sonhar por excesso, sem medo de expressar tamanho afeto. Acreditava que adultos eram iguais pinguins, tinham um único amor pra vida toda. Ela estava completamente apaixonada e acreditava honestamente nesses sentimentos. Sofia se sentia constrangida ao ver que o garoto não dava mais tanta importância e não a correspondia. Começou a se lamentar por ter virado uma mulher, foi obrigada a largar sua linda experiência de menina. Sofia então começava a chorar, e aprendeu que chorar dói, e não se chora apenas em filmes, e nem por falta brinquedos. O rapaz a deixou. Deixou com o coração na mão. Ele não a amava, e de um coração tão inocente se aproveitou. Sofia aprendeu que nos filmes ela não era a protagonista. Era a menina  por quem o garoto abandonava para ficar com a protagonista. Ela percebeu este lado da história, se abalou ao perceber que todas as cenas reais estavam ali no enredo, mas apenas ela não enxergava em sua infância, mas agora seu jeito mulher compreendia que não existe reciprocidade. Ela estava com o coração feito em pedaços, na vida nada lhe interessava, e a única coisa por qual acreditava desde a infância, toda sua súbita infelicidade a destruiu. Acreditava que sua vida era uma grande ilusão e do amor compreendeu que nada sabia. Sofia então aprendeu que não existem finais felizes e que o amor é apenas torturar a bondade de uma mulher, deixando-a completamente abismada. Começou a se interessar por filmes de drama, e percebeu que ali estava a realidade na qual não aprendeu. Agora passou se inspirar em filmes dramáticos. Sofia assustada nunca mais entregou seu nobre coração, pois estava morto, e sua ferida nunca mais quis fechar.   

Eu me rendo

Vago nas ruas nebulosas,
Avistando os lábios que se tocam,
Ali não vejo as rosas,
Meus olhos enxergam seus espinhos,
Por estarem atrofiados em meus olhos.

Não resisto a entregar,
Esse coração tão inocente,
Pois há de esperar,
Outra alma tão carente.
Mais um inverno vai passar.

Difícil é negar.
Aqueles que escondem sentem,
Expresso tanto minha falha.
Tantos corações mentem,
Despedaçam igual folha seca.

Desisto de lutar
Para não amar,
Minha alma fica anêmica,
Sem forças de chorar,
E se amar dói, sou a tortura.

O medo me vicia,
A decepção vicia,
Amor é uma droga,
Paixão é uma ausente lucidez,
Eu me rendo de vez.