sábado, 15 de outubro de 2011

Sonata que ouço sem lucidez


Estou tão deprimido quanto a marcha fúnebre,
Atormentado de minhas lembranças,
Retomando meu presente desgraçado,
Onde cada melodia me suscita agonia,
E suas delicadas notas me amolecem,
Queimando toda minha histeria.
Por algum momento sinto-me flutuar,
E quando meus pés tocam o chão,
Amoleço a terra que há de me cobrir,
Na mesma em que não poderei chorar,
Na mesma em que lágrimas derrubarão ou não,
Na mesma em que não verei
Se há alguém me visitando.
Tão lentas as notas,
É a demora de meu sofrimento,
E o peso da sonata pesa meu peito,
No qual é possível sentir o fim,
No qual estou caminhando para a morte,
Longe da consciência,
Estou adotando tal personalidade,
Alguma que me faz sentir de verdade,
E me afoga sem lealdade,
Compreendo como a mentira dói,
Mas a verdade eu supero,
Nesse copo me enterro,
Pois nele despejei todo meu atormento,
Que logo depois sobra solidão e um vasto de ingratidão,
E a ultima nota finaliza minha dor.

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